A cabeça dispara tentando prever cada detalhe daquele encontro, daquela viagem, daquele trabalho. Os pensamentos correm na frente do tempo e a imaginação fervorosa controla cada movimento, como se essa fosse a garantia da conquista, a segurança de que tudo vai sair exatamente como você quer. Quem já não se enroscou nas teias da expectativa? "Ela está basicamente ligada à onipotência (designa a propriedade de um ser capaz de fazer tudo), à arrogância e ao desejo de controle e, portanto, sempre vai ser frustrada. Mesmo que aconteça o que se quer, a sensação nunca é de satisfação. Pois a pessoa já gastou tanta energia arquitetando a expectativa, passou tanto tempo imaginando um enredo que, quando realiza o que queria, acha que o universo não fez mais do que a obrigação em atendê-la. E as coisas boas também são desconsideradas", alerta Rosenberg. Está certo que, quando queremos muito que algo se realize, é difícil ser tão desprendido. Mas olha só o que você ganha se conseguir se desgrudar desse controle: "Abrir mão das expectativas nos devolve a chance de sermos surpreendidos pela vida, de percorrer caminhos que são melhores do que aqueles imaginados. Assim recupera-se o prazer de simplesmente aceitar o que vem com o coração", diz ela. Além disso, a expectativa nos joga em direção ao futuro com ânsia exagerada. Movidos por ela, acreditamos que é nesse tempo irreal que mora a felicidade, e isso não nos deixa estar bem em lugar nenhum. E a psicóloga Lúcia Rosenberg conclui: "A antecipação do futuro esvazia o presente. É claro que vale inventar o amanhã, imaginá-lo da melhor maneira possível, porém é preciso esperar que ele flua a seu tempo, sem voracidade".
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